segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tempo


6:40. Toca o rádio. Anuncia-se 7 graus de temperatura. Que dia é hoje? Sábado? Não. Segunda? Tenho que acordar agora ou posso ficar mais um pouco? Se for terça posso ficar mais um pouco. Ai meu Deus...que dia é? Pensa. Acorda! Segunda. Hoje é segunda, sem dúvida. Vamos lá! Café no escuro, tentando entrar em contato com a realidade. Coisa mais insuportável pessoas querendo discutir ou fazer grandes reflexões matinais. Não! Café é em silêncio e no escuro. Depois o resto dos afazeres até sair de casa. Frio. Sair de casa no frio é muito pior! Sai fumaça do nariz. Neblina, mãos congeladas, pés duros. Lá vamos para mais um início de dia e de semana. Repassando rapidamente os afazeres e locais onde preciso ir, chego mentalmente às 21hs. Como eu quero que chegue logo as 21hs. Daí volto para casa e fico quentinha!

Terça, quarta, quinta, sexta. Já acabou? Sim. As semanas passam voando. Engraçado que quando eu era menor parecia que demorava uma eternidade para o tempo passar. Onze anos no colégio, ou isso em média, como alguém consegue? E é tão demorado quando está acontecendo. Depois fica tão longe. Hoje o tempo voa. Ontem era março, já estamos no meio de junho. Incrível! E ainda preciso fazer tantas coisas...há tantas pendências!

E assim se percebe que o tempo é relativo. Tem momentos em que corre solto, desliza, voa. Em outros empaca, tranca, para. Como isso? Assim mesmo! Esteja certo que se você precisa fazer muitas coisas o tempo vai voar e você vai ter que correr. Se estiver esperando alguma coisa ele vai parar e você vai ter que ter paciência. E quanto mais coisas fazemos mais achamos tempo para fazer mais coisas. Confuso? Não, real. Por outro lado, quanto menos ocuparmos nosso tempo, mais complicado será para agendarmos algum compromisso...tudo parecerá difícil e complicado. Tempo complexo!

Quando a gente se dá conta passam-se dias, meses, anos. Às vezes precisamos reordenar os planos para o tempo. Em geral isso acontece nos finais de ano – ‘resoluções de Ano Novo’. Quem não faz? Neste ano eu vou achar mais tempo para tal coisa, vou me organizar para fazer x, y, z, vou começar a nadar, fazer línguas, entrar naquele curso. Ilusoriamente o dia primeiro de janeiro serve para esta sensação de tempo que começa. Mas eu fiz isso em janeiro e já estamos em junho! Sequer consegui cumprir metade das coisas que pensei! Na verdade, já nem lembro mais o que pensei... O tempo também tem a prerrogativa de transformar os pensamentos, mudar o rumo, incorporar novos desejos. Algumas coisas permanecem no tempo, sobrevivem, outras não. O bom é que o tempo sempre nos dá tempo para mudar. É possível corrigir rotas, rever conceitos, mudar o caminho.

Às vezes, o tempo também resolve enlouquecer. O passado invade o presente, bagunça tudo. Ou o futuro se antecipa, criando expectativas desnecessárias. Perdemos o tempo, por vezes, ou nos perdemos nele! Tempo traiçoeiro! E aí? Faz-se o que com ele? Tenta-se achar um equilíbrio, usá-lo a nosso favor. Que possa ser bom o suficiente para nos fazer aproveitar as oportunidades, curar algumas feridas, matar tantas saudades, realizar diversos desejos, concretizar sonhos. Que não seja mau a ponto de atropelar o caminho, fixar conceitos, enraizar condutas, nos perder.
O tempo não para! Também nós não podemos parar. Tempos alheios se encontrarão com o nosso, ou não. Quando os tempos estiverem sincrônicos, poderá surgir um tempo em comum – entre amigos, familiares, amores. Mas os tempos também podem ser divergentes, concorrentes. Vicissitudes! Não se pode fazer nada além de deixar o tempo passar.

Bom mesmo é que cada um ache o seu tempo, da sua maneira e aproveite as coisas boas que ele conserva e as surpresas que traz. Passando rápido ou devagar, o tempo sempre guarda espaço para o que já foi e para o que virá. Território de lembranças e esperanças, que nele se encontram. Assim passamos o nosso tempo, ou ele vai passando...correndo macio, espera-se!